sábado, 5 de março de 2022

Os pequenos burgueses

Os Pequenos Burgueses 

Volume XI: Estudos de Costumes: Cenas da Vida Parisiense

Personagens: Maria Joana Brígida Thullier,  Luís Jerônimo Thuillier (irmão de Maria Joana),  Métiver Sobrinho (vizinho do lado esquerdo dos Thullier, comerciante de papel), Barbet (vizinho do lado direito dos Thullier, livreiro), Dutocq (escrivão da Justiça de Paz), Colleville, Poiret, Celeste Lemrpun (sra. Thuillier), sra. Lemrpun (mãe de Celeste), Flávia Colleville, Carlos de Grondeville, Keller, Celeste Luísa Carolina Brígida Colleville, Des Lupleaux, Carlos Colleville, Teodoro Colleville, Phellion, Félix Phellion, sra. Barniol (filha de Phellion), Mário Teodoro Phellion (filho de Phellion), Genoveva (cozinheira de Phellion), Dutocq, Minard, Zélia Minard, jovem Minard (advogado), Prudência Minard, mestre Godeschal, Olivério Vinet (substituto do procurador do rei), Teodódio de La Peyrade, Cérizet, Cadenet, sra.Cardinal, Olímpia Cardinal, sr. Poulillier, sr. du Portail, Lídia de La Peyrade. 


Colleville e Flávia Colleville

A história começa em 1839

Só a seriedade do meu projeto de ler toda a Comédia Humana me animou para concluir a leitura de Os Pequenos Burgueses. Trata-se de uma obra inacabada, e que possui uma triste história ligada à Condessa Hanska. Paulo Rónai nos conta na introdução como a viúva de Balzac passou o que ficara escrito a Charles Rabou para que ele concluísse a obra. Afirmava que Balzac assim desejava. Ocorre que Rabou escreveu cinco oitavos da obra final. Balzac deixou uma frase inconclusa. "Cérizet tomou uma...". No final da edição da Globo, que utiliza  a edição da Pléiade, Rónai apresenta um resumo, absolutamente bizarro, do escrito de Rabou. 

Mas em 1843, Balzac escreveu à noiva sobre o plano de Os Pequenos Burgueses, com o exagero habitual, "é dessa obras que deixam tudo pequeno a seu lado". Comenta sobre o projeto em várias cartas e deixa de mencioná-lo em 1844. 

Trata-se  da história de Teodósio de La Peyrade, mencionado como "um jovem, morto de fome de cansaço" no final de Esplendor e Misérias das Cortesãs. Balzac indica nas cartas que La Peyrade é o "Tartufo moderno" que deseja, empregando vigarice a astúcia, obter a mão e o dinheiro da jovem Celeste Colleville. Quase todos os personagens são Os Funcionários que, passados quinze anos, se aburguesaram. A novidade é Brígida Tullier, uma solteirona típica de Balzac, que dirige o irmão, a cunhada e o destino de Celeste, sua protegida. 

Presentes as descrições balzaquianas que são interessantes quando demostram o seu propósito. Aqui, com a obra inconclusa, ficam enfadonhas e repetitivas. Presentes também as negociatas com dinheiro e com juros, capitaneadas aqui pelo usurário Cérizet. 

Creio que o maior problema de Os Pequenos Burgueses é que Balzac, no deslumbre em ter "trazido uma sociedade inteira na cabeça", deixa aparente, com o excesso de personagens e com ligações artificiais entre eles, a urdidura da Comédia Humana. É como se víssemos os bastidores de um espetáculo. Além disso, La Peyrade não é convincente. São muitas tramas e maquinações aceitas com muita ingenuidade por pessoas que, como Brígida, é naturalmente desconfiada, ou como Flávia Colleville, é uma mulher experiente e calculista que já teve muitos amantes.

Enfim, a leitura vale para que quer saber tudo de Balzac. Ou para quem, como eu, tem uma missão. 

Imagem retirada de: Honoré de Balzac, The Petty Bourgeois. Philadelphia: George Barrie & Son, 1897. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:BalzacPettyBourgeois01.jpg Acesso em 5 de março de 2022. 


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