terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Ilustre Gaudissart

O Ilustre Gaudissart (Paris, 1837 *) - primeira história de "Os parisienses na província"

Personagens: Gaudissart, Jenny Courant, hospedeiro Mitouflet, senhor Vernier, senhora Vernier, senhor Margaritis, senhora Margaritis.

A história se passa em 1831.

O Ilustre Gaudissart é uma novela curta. Praticamente metade da narrativa é dedicada a fazer o retrato de Gaudissart, que é o de qualquer caixeiro-viajante, figura que surgiu na França na época em que Balzac escrevia a Comédia Humana. Um tipo superficial que possuía um simulacro de cultura, em geral, de acordo com o artigo que vendia e com seu público alvo.
Até 1830, Gaudissard comercializava apenas o Artigo-de Paris, ou seja, produtos industriais fabricados na cidade. Com a agitação política e financeira de 1830, resolveu diversificar seus negócios. Se dedicaria a vender seguros e assinaturas de jornais na província, sem deixar de lado o Artigo-de-Paris.
Os jornais eram Le Globe, fundado em 1824, que a partir de 1830 passou a divulgar as doutrinas de Saint-Simon; Le Movement, jornal republicano; e o Jornal dos Filhos, dedicado às crianças
A história propriamente dita se desenvolve em Tours. Gaudissart se despediu de sua namorada Jenny e ao chegar à capital da Touraine, local de pessoas desconfiadas e pouco dadas à novidade. Tentou, então, conquistar a confiança do senhor Vernier, figura importante da comunidade. Esse resolveu pregar-lhe uma peça, mandando-o conversar com o senhor Margaritis. Disse que Margaritis era uma pessoa muito influente na cidade e que, caso ele comprasse o seguro, todos comprariam. Ocorre que o italiano Margaritis era insano há muitos anos e era cuidado por sua mulher. Gaudissard foi até lá e entabulou uma conversa muito engraçada com o louco, não percebendo o engodo. Inclusive aceitou comprar dois barris de vinho de Margaritis, que na verdade ele nem possuía. Voltando à hospedaria de Mitouflet, descobriu que fora enganado e que toda a cidade estava rindo dele. Desafiou, então, Vernier para um duelo. No dia e hora de se baterem, fizeram as pazes e foram almoçar juntos.
Paulo Rónai diz na sua introdução que a história não é muito boa pela falta de talento de Balzac para o cômico. Apesar da conversa de Gaudissart com Margaritis ser engraçada, temos a impressão que ela poderia ter sido melhor trabalhada. Na verdade, o ponto alto da novela é o retrato de Gaudissad, o homem que, ao chegar em uma casa, deixava sua personalidade na porta de entrada.

Segundo o Visconde Spoelberch de Lovenjou, em Histoire des Ouvres de Balzac, essa data está incorreta. Deve ser substituída por 1833.

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