terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Estudo de Mulher (fevereiro de 1830)

Personagens: Marquês e Marquesa de Listomère, Eugênio de Rastignac, Horácio Bianchon.

A história se passa em 1828.

Aqui temos um pequeno texto que Balzac chama de “estudo”. A mulher objeto desse estudo é a marquesa de Listomère retratada por Balzac como a encarnação do espírito da Restauração: “Tem princípios, jejua, comunga, e vai muito enfeitada aos bailes, aos Bouffons, à Opera; seu diretor espiritual permite-lhe aliar o profano ao sagrado. Sempre em dia com a Igreja e com o mundo, ela oferece uma imagem do tempo presente, que parece ter tomado a palavra Legalidade por epígrafe. (...) Na hora presente ela é virtuosa por cálculo, ou talvez, por inclinação”. Eis que essa dama, casada com o Marquês de Listomère, dançou uma noite com Eugênio de Rastignac, personagem de primeiro plano da Comédia Humana. Na manhã seguinte, Rastignac escreveu duas cartas, uma para seu advogado e outra para a senhora de Nuncigen, sua amante. Endereçou a segunda, de forma equivocada, à Marquesa de Listomère. Era uma carta com declarações de amor. A Marquesa, ao recebê-la, ficou indignada. Contudo, Eugênio só percebeu o engano quatro dias depois. Nesse meio tempo, a Marquesa havia migrado da indignação para o interesse e do interesse para a paixão. Rastignac foi então à casa da Marquesa desfazer o equívoco. Essa, sonhando com o romance, ao saber que não era destinatária da missiva ficou profundamente ofendida.
O interessante nesse texto é a narrativa. Até quase a metade da história, julgamos que é Balzac quem está narrando. Então a surpresa: “Foi nesse instante que penetrei na sala de Eugênio. Ele teve um sobressalto e disse. -- Ah! com que então aqui estás, meu caro Horácio! Desde quando?” Descobrimos que o narrador é Horácio Bianchon, um dos personagens mais queridos da Comédia Humana. Ele aparece em vários romances, nunca como protagonista, mas como arguto observador. Diz-se que Balzac, em sua agonia, antes de morrer, chamou por Horário Bianchon.

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