quinta-feira, 31 de março de 2011

A mulher abandonada (novembro de 1832)

Personagens: Clara de Beauseant, Gastão de Nueil, Marquês de Beauseant, Condessa de Nueil (mãe de Gastão), senhorita. de la Rodiere.

A história se passa entre 1818 e 1830.

O romance que explica boa parte desse A Mulher Abandonada é O Pai Goriot, que está no quarto volume da Comédia Humana. Assim, somente ao ler O Pai Goriot entenderemos o comportamento de Clara de Beauseant.
O jovem Gastão de Nueil, ao ir passar uma temporada em casa de uma prima, em Bayeux, apaixonou-se pela enigmática Clara de Beauseant. Ele soube que Clara se separara do marido por causa de um amante que a abandonou. Gastão a cortejou e, depois de muita resistência,
Clara cedeu à paixão. Eles se encontraram então em Genebra onde viveram juntos por nove anos. Após, Gastão teve de voltar à França e Clara o acompanhou. Pressionado pela mãe, ele deixou Clara e casou-se com Estefânia de la Rodiere. Já nos primeiros meses, arrependeu-se e procurou a ex-amante. Ela o repeliu com fúria. Ele, desesperado, matou-se com uma espingarda de caça.
É um pequeno texto muito bem escrito.

domingo, 27 de março de 2011

Memórias de um Sargento de Milícias


Li Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida quando estava no segundo grau (atual ensino médio). Lembro ter gostado do livro e o ter achado muito engraçado. Mas da leitura, feita numa época em que lia muita literatura brasileira, ficou uma tênue impressão - quase não lembrava da história. Há pouco, graças aos audiolivros e aos intermináveis engarrafamentos de Porto Alegre, "reli" Memórias.
O livro, em capítulos curtos, conta a vida de Leonardo que se passa "no tempo do rei". Como só houve um rei no Brasil, sabemos que trata-se do periodo joanino - entre 1808 e 1822. Leonardo era filho do meirinho português Leonardo Pataca e da saloia Maria. Numa viagem de navio para o Brasil, eles se conheceram. Depois de trocarem uma pisadela e um beliscão, Maria começou a sentir uns incômodos e deu a luz ao protagonista da história. Poucos anos depois, a inconstante Maria fugiu com o capitão de um navio e Leonardo Pataca deixou o rebento aos cuidados do compadre, um barbeiro que era padrinho do menino. Com a ajuda da comadre, parteira, o compadre passou a zelar pelo futuro do garoto. Queria fazer dele padre, mas o rapaz demostrava pouca inclinação pela batina e por tudo mais que tinha a ver com trabalho e dever. Cresceu e tornou-se um perfeito vadio: "Como sempre acontece a quem tem muito onde escolher, o pequeno, a quem o padrinho queria fazer clérigo mandando-o a Coimbra, a quem a madrinha queriafazer artista metendo-o na Conceição, a quem D. Maria queria fazer rábula arranjando-o em algum cartório, e a quem enfim cada conhecido ou amigo queria dar um destino que julgava mais conveniente às inclinações que nele descobria, o pequeno, dizemos, tendo tantas coisas boas, escolheu a pior possível: nem foi para Coimbra, nem para a Conceição, nem para cartório algum; não fez nenhuma destas coisas, nem também outra qualquer: constituiu-se um completo vadio, vadio-mestre, vadio-tipo". Leonardo acabou se apaixonando pela sobrinha de dona Maria, senhora de posses e amiga da comadre, Luisinha, moça pouco graciosa, mas com uma herança para compensar. Mas um ardiloso concorrente, José Manuel, casou com a rapariga. Nessa altura, Leonardo já não estava mais ligando: estava apaixonado por Vidinha, uma mulata bonita e muito namoradeira. Leonardo acabou tornando-se alvo da perseguição do chefe de polícia, o major Vidigal. Depois de muitas peripécias, foi preso pelo major e obrigado a tornar-se soldado. Pregou uma peça no major e foi condenado ao açoite. A comadre e dona Maria procuraram então Maria Regalada, uma senhora que fora amante do major. Com a promessa de Maria Regalada de reatar o romance, Vidigal liberou Leonardo da chibata e ainda o fez sargento de milícias. No mesmo dia, José Manuel teve um ataque e faleceu, deixando Luisinha viúva. Ela e Leonardo se casaram.
A história é uma delícia. Além disso, descrição minuciosa dos costumes da época faz de Memórias de um Sargento de Milícias um livro muito interessante e muito útil para os historiadores. Até porque os personagens situam-se numa camada social pouco explorada: as camadas médias livres. Praticamente não há escravos na história e a única pessoa de classe mais elevada é dona Maria. O resto são barbeiros, parteiras, soldados, padres.
Sabemos que há uma discussão tradicional sobre a classificação literária de Memórias de um Sargento de Milícias. Ele foi escrito no período romântico, mas está fora de todos os parâmetros do romantismo. Foi rotulado por alguns como realismo avant la lettre. mas não tem nada de realista. Também foi nomeado romance de costumes ou picaresco. Antonio Candido definiu-o como romance da maladrangem. Para quem não vai fazer vestibular, essa discussão não tem a menor importância. Se quisermos uma definição, diríamos que é um romance antirromântico, de costumes e da malandragem. Almeida zomba do romantismo. A infidelidade (Maria saloia, a cigana) está presente o tempo todo e o amor sempre é maior se o amado tem uma herança. O final feliz é relativizado por um último parágrafo pouco promissor:
"Daqui em diante aparece o reverso da medalha. Seguiu-se a morte de D. Maria, a do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores, fazendo aqui ponto-final". Depois do casamento, vem a morte dos entes queridos e a vida real, cheia de dissabores. De costumes, não há dúvida. Almeida delicia o leitor narrando procissões, encontros sociais, práticas de quiromancia, com uma riqueza de detalhes que torna-se impressionante pelo fato dele não ter vivido na época em questão (nasceu em 1831 e faleceu precocemente em 1861, em um naufrágio). Com respeito à malandragem, basta dizer que o malandro-mor do Rio de Janeiro tornou-se um agente da lei pelo fato da autoridade máxima da cidade, o major Vidigal, ter feito um trato com sua amante. A ética na narrativa é a do "jeitinho", do compadrismo, da esperteza. O correto compadre, que com a partida de Maria, ficou com o Leonardo e assumiu sua educação - algo nobre e desprendido -, no passado, "arranjou-se". Ele trabalhava em um navio e foi encarregado pelo capitão, moribundo, de entregar uma grande quantia à filha que ficaria orfã. O compadre embolsou o dinheiro sem o menor remorso: "arranjei-me".
Reler Memórias depois de tantos anos foi um prazer. Um prazer diferente do que tive quando era adolescente. O que é bom deve ser lido e relido.


sexta-feira, 18 de março de 2011

O Romeiral (agosto de 1832)

Personagens: Augusta Willemsens (condessa de Brandon), Luís-Gastão, Maria-Gastão, Annete (criada).

A história se passa em um ano indefinido no período da Restauração.

O Romeiral é um conto que denuncia a incompletude da Comédia Humana. Desconhecemos as causas dos acontecimentos narrados na obra e elas não aparecem em outras partes da Comédia Humana, exceto vagas alusões em O Lírio do Vale e um trecho cortado em O Pai Goriot.
O Romeiral narra os últimos meses da vida de Augusta, Lady Brandon, em uma propriedade chamada Romeiral (Le Grenadière) em Tours. Lá ela, doente, prepara os filhos Luís-Gastão e Maria-Gastão para uma vida de privações após a sua morte. Lady Brandon cometeu um erro, mas não se sabe qual. Após a sua morte, Maria-Gastão foi para o colégio e Luís tornou-se marinheiro.
Maria-Gastão já é nosso conhecido. Ele foi o segundo marido de Luísa de Chaulieu em Memórias de Duas Jovens Esposas. Luísa desconfiou de sua fidelidade ao surpreendê-lo com outra mulher. Descobriu, após, que a moça, que tinha um filho, era sua cunhada viúva. Sabemos então que Luís falecera deixando a esposa e um filho e que Maria sustentava a família do irmão. Em O Romeiral encontramos Maria-Gastão na infância. Vemos o afeto e carinho com que era tratado por Luís, o que explica sua devoção à família do irmão. E conhecendo a perda precoce da mãe, a ausência do pai e a vida dura que se seguiu à morte da genitora, entendemos a sensibilidade de Maria-Gastão que conquistou a apaixonada Luísa.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Stalingrado - o Cerco fatal


Lido entre 3 e 8 de março de 2011.

Stalingrado de Antony Beevor é um livro descritivo. O autor inicia com a operação Barbarossa em junho de 1941 e logo se fixa na ação do grupo sul do exército alemão: como eles rapidamente se dirigiram ao Rio Don e, logo após, ao Rio Volga, às margens do qual se situava a cidade que, em nenhum plano prévio, era um objetivo na guerra.
O exército alemão entrou na Rússia em 21 de junho de 1941. Apesar da movimentação nas fronteiras, das inúmera informações do serviço de espionagem e da atitude dos diplomatas alemães em Moscou, Stalin se recusava a acreditar que Hitler romperia o pacto. Sua letargia custou a vida de milhares de soldados e de civis, despreparados, nas regiões de fronteira e o bombardeio no solo de quase toda a força aérea soviética.
Os alemães, depois de um início promissor, enfrentaram o primeiro inverno na Rússia. O comando alemão, julgando que seria possível reproduzir o sucesso da frente ocidental, não preparou o exército para o frio. O resultado foram milhares de mortes, perdas de oficiais e de equipamento. No início de 1942 já estava claro para os soldados que não voltariam logo para casa. Logo que terminou o inverno, os alemães reagiram, lançando a Operação Azul. Seus objetivos eram isolar o Volga e destruir as indústrias de guerra de Stalingrado. Foi um sucesso: em 23 de julho de 1942, ambos foram atingidos. Mas Hitler tomava decisões de forma errática e impulsiva. Em agosto, decidiu que a captura de Stalingrado era um importante objetivo. “Hitler, que jamais quisera que suas tropas se envolvessem em luta de rua em Moscou ou Leningrado, decidiu capturar essa cidade a qualquer preço”. Em setembro, ocorreu um macivo ataque. Mas não foi suficiente para a captura da cidade. Foi quando começou o inferno alemão às margens do Volga.
“O combate na própria Stalingrado não poderia ter sido mais diferente. Representava uma nova forma de guerra, concentrada nas ruínas da vida civil. Os detritos de guerra - tanques destruídos pelo fogo, cápsulas de granadas, instalações elétricas de telégrafos e sinalização e caixas de granadas - misturavam-se com os destroços de casas de família - camas de ferro, abajures e utensílios domésticos (...). Os generais alemães parecem não ter imaginado o que aguardava suas divisões na cidade em ruínas. Perderam as grandes vantagens da Blitzkrieg [guerra relâmpago] e foram em muitos aspectos lançados de volta às técnicas da Primeira Guerra Mundial embora seus teóricos militares houvessem afirmado que a guerra de trincheiras fora ´uma aberração da arte marcial`. (...) À sua maneira, o combate em Stalingrado foi ainda mais apavorante do que o massacre impessoal em Verdun. O combate à queima roupa nos prédios em ruínas, casamatas, porões e esgotos foi logo apelidado de ´Ratenkrieg` pelos soldados alemães. Proporcionava uma intimidade selvagem, estarrecedora para seus generais, que sentiam estar perdendo rapidamente o controle dos acontecimentos. ´Emboscadas saídas de porões, restos de parede, casamatas escondidas e ruínas de fábricas causam muitas baixas entre nossas tropas`”.
Em 9 de novembro de 1942, o inverno chegou. A temperatura baixou para 18 graus abaixo de zero. Em 11 de novembro, ocorreu o ataque final alemão. Os russos sofreram pesadas baixas complicadas pelas banquisas no Volga congelado (o qg russo ficava na margem oriental do Volga). Mas Stalingrado não caiu.
Desde setembro, o soviéticos preparavam em segredo a sua ofensiva, denominada operação Urano. A ideia, dos generais Jukov e Vasilevski, era criar novos exércitos e unidades blindadas e cercar o 6º Exército alemão. Hitler não acreditava que a União Soviética dispusesse de exércitos de reserva e que os russos pudessem empreender uma ofensiva na região. A ideia de que lançariam um ataque em duas frentes, pelo norte e pelo sul, não era crível, mesmo depois de começarem a detectar a movimentação das tropas. Em 19 de novembro iniciou o ataque. Alguns dias depois, ficou claro que o Sexto Exército seria cercado. O abastecimento dos alemães estava cada vez mais difícil. As rações foram reduzidas e os soldados passaram a morrer de fome. O general Manstein apresentou um plano a Hitler para romper o cerco soviético e deixar Stalingrado. O Führer recusava o abandono da cidade. Em 10 de janeiro ocorreu o último ataque russo. A partir daí, a única saída para os alemães era por avião. Os aviões partiam com feridos sob bombardeio russo. O último partiu em 23 de janeiro de 1943. Hitler, já decidido a abandonar o Sexto Exército, promoveu Paulus, seu comandante, a marechal (imaginava que Paulus iria se suicidar, tornando-se mártir), e incitou aos soldados a lutarem até o fim. Em 31 de janeiro, Paulus e outros oficias alemães importantes foram presos pelos russos.
Beevor conta essa história com muitos detalhes militares. Podemos acompanhar nos mapas as movimentações dos exércitos. Igualmente, acompanhamos Hitler, Stalin, Chuikon, Jujov, Vasilevski, Paulus, Manstein. Mas o autor também explora fonte interessantes, como cartas dos soldados de ambos os lados para as suas esposas (algumas, tristemente, nunca chegaram a seu destino), diários e até grafites nos muros de Stalingrado. Detalhes prosaicos, como as casamatas alemãs, gélidas e miseráveis, enfeitadas para o Natal de 1942 e um oficial que tocava Beethoven em um piano dentro de sua casamata. A parte feia da guerrra, a fome que assolou o exército alemão, os piolhos que infestavam seus corpos desnutridos, os feridos deixados para morrer, os os dedos dos pés caindo congelados.
Em termos de barbárie, há empate. Os alemães deportavam os judeus pelo caminho e esses eram assassinados em massa. Os prisioneiros russos eram mandados para campos que consistiam em em cercado no meio do gelo. Lá, trabalhavam até a morte, muitos carregando cargas, como cavalos. A população civil tinha suas casas queimadas e era posta na rua, quase sem roupa. No fim do cerco, os russos deram vazão à vingança. Os hospitais com feridos alemães foram abandonados, os presos era fuzilados sem motivo. Dos soldados alemães presos em Stalingrado, somente 5% sobreviveram.
O autor também menciona temas desconfortáveis para ambos os lados. Um deles é a grande quantidade de Hiwis, soviéticos que lutaram ao lado dos alemães. Muitos foram leais até o fim. Uma das estatísticas (há diversas e não são seguras) calcula que entre os cercados havia 232 mil alemães, 52 mil Hiwis e 10 mil romenos. Outro tema é o preconceito dos alemães em relação a seus aliados: romenos, austríacos e italianos. Havia pouco empenho em armá-los e socorrê-los em caso de perigo. Havia ainda as deserções. Soviéticos e alemães faziam intensa propaganda com panfletos e auto-falantes na língua do inimigo incitando a deserção. Em princípio, o desertor era fuzilado por seus pares e o que não o fizesse poderia ser morto também. Mas com o avançar da batalha, com a fome, o frio e o desânimo, houve certa leniência para com os desertores.
Stalingrado caiu no final de janeiro de 1943 e se transformou num símbolo da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Para os alemães, marcou o “point of no return”. Antony Beevor faz um relato interessante e bastante imparcial.

Para quem gosta de cinema, há dois filmes interessantes sobre Stalingrado. Stalingrad, de 1993, do diretor alemão Joseph Vilsmeier, conta a história de um batalhão de soldados do Sexto Exército. Realista e muito fiel à história. Enemy at the Gates (em português com o título rídiculo de Círculo de Fogo), de 2001, do direitor francês Jean-Jacques Annaud. Filme mais no padrão hollywodiano com Jude Law, Ed Harris e Rachel Weisz. Conta a história do franco-atirador Vasili Zeitzev, jovem dos Urais, alçado à condição de herói da União Soviética. Há romance, disputa da mocinha e um final feliz na medida do possível para os amantes. Mas mostra situações interessantes e reais, como a batalha entre os escombros com os dois exércitos ocupando pavimentos diversos dos prédios (há cenas na famosa loja de departamentos), a importância e o prestígio dos franco atiradores, os civis morando nas ruínas, o uso da propaganda na guerra. Vale à pena, mas se tiver que escolher um, escolha o alemão.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Retornando

Depois de umas férias, estou retornando com meus posts sobre os livros que estou lendo.
Parei de postar em janeiro, mas não parei de ler. Continuo com Balzac e comecei uma empreitada muito trabalhosa, mas também muito gratificante. Um escritor russo, contemporâneo e inédito no Brasil. Logo vamos falar mais dele.

A Mensagem (janeiro de 1832)

Volume III: Estudos de Costumes: Cenas da Vida Privada (lido entre 17 de outubro de 2009 e 2 de abril de 2010)

A Mensagem (janeiro de 1832)

Personagens: Julieta de Montpersan, conde de Montpersan, visconde, narrador, cônego de Saint-Denis, criada, filha da condessa.

A história se passa em 1819.
Nessa história curta, trágica e bem escrita, Balzac evidencia seu apreço pelas mulheres maduras. Balzac foi um grande amigo das mulheres. Antes dele, as heroínas de romance eram meninas de quinze, no máximo de vinte anos. Balzac abriu as portas do romance para as mulheres de trinta, de quarenta, de cinquenta anos. Balzac sabia do que falava. Aos 23 anos tornou-se amante de madame Laure de Berny, de 45. Essa relação foi decisiva para a vida e obra do autor da Comédia Humana.
Os personagens de
A mensagem, o narrador e o visconde, jovens na faixa dos vinte e poucos anos, viajavam em uma diligência de Paris para Moulins e discorriam sobre suas amantes mais velhas: “tínhamos começado por assentar como fato que não havia nada mais idiota na sociedade que uma certidão de nascimento; que muitas mulheres de quarenta anos eram mais jovens que certas mulheres de vinte, e que, afinal, as mulheres tinham realmente a idade que aparentavam ter (...). Enfim, depois de termos feito nossas amantes jovens, encantadoras, devotadas, condessas dotadas de bom gosto, espirituais, finas; depois de lhes termos dado lindos pés, uma pele acetinada e mesmo suavemente perfumada, nós nos confessamos, ele, que a senhora tal tinha trinta e oito anos, e eu, por minha vez, que adorava uma quadragenária”.
Os jovens estavam entegues à camaradagem fugaz, quando a diligência virou e tombou sobre o visconde. Agonizante, ele confiou ao narrador à tarefa de ir à sua casa apanhar as cartas escritas pela amante e dar a ela a notícia de sua morte. O narrador foi, pegou as cartas e rumou para a residência de Julieta de Montpersan. Lá a encontrou com o marido, a filha e um cônego, seu tio. Deu à mulher a triste mensagem e deu-lhe uma mecha dos cabelos do falecido visconde.
É um texto tão curto e tão perfeito que não há o que comentar. Há que ler.