O Médico Rural (outubro de 1832-julho de 1833)
Volume XIII; Estudos de Costumes: Cenas da Vida Rural
Personagens: Dr. Benassis, Pedro José Genestas (Capitão Pedro Bluteau), Jacquotte (cozinheira), Tamboreau, Nicolle, sra. Pelletier, Gondrin (militar), Goguelat (militar), Moreau, Gasnier, Vigneau (carreteiro), sra. Vigneau, Fosseause, Jacques, tia Colas, Butifier, Dufau (juiz de paz), Tonnelet (tabelião), Cambon, padre Janvier, Adriano Genestas.
A história se passa em 1829.
Esse romance, se é que podemos chamá-lo assim, é muito diferente dos outros da Comédia Humana. Pouca ação, menos descrições que o habitual. Parece uma série de cenas justapostas, costuradas umas nas outras. O comandante militar Genestas, veterano do Império, chega a uma aldeia perto da cidade de Grenoble procurando um médico. Encontra nosso médico rural, Dr. Benassis, que lhe conta (e lhe mostra) como em dez anos transformou uma aldeia miserável numa pequena cidade rica e próspera. Após alguns dias de convivência, Benassis confidencia a Genestas o motivo pelo qual dedicou a vida a fazer o bem aos aldeões, tornando-se prefeito do local. Ele perdera sua grande paixão, Evelina, moça de uma austera família jansenista, quando sua família descobriu que na juventude ele abandonara uma mulher, Ágata, com um filho. Perdeu também a criança. Depois Genestas lhe revela o real motivo de sua visita. Durante a campanha da Rússia, adotou um menino, Adriano, filho do soldado Renard com Judite, moça judia polonesa. Genestas havia se apaixonado por ela, mas ela ficou com Renard. Acabou falecendo, deixando Adriano com Genestas. O jovem, então com 16 anos, estava doente, e o veterano desejava confiar-lhe a Benassis. Oito meses depois, Adriano se recuperou e Benassis faleceu.
![]() |
| Jacquotte e Benassis |
Reproduzo a comentadora da edição da Pléiade, Rose Fortassier, citada na introdução de Paulo Rónai:
romance quase sem ação, feito de pedaços e fatias, que contém a monografia de uma aldeia em vias de desenvolvimento, o dia de um médico rural, a confissão de dois amores infelizes, um tratado de economia e política, um relato ingênuo de uma gesta napoleônica, a história de uma jovem aldeã nervosa e poética, a de um jovem soldado, a de um homem de bem que resgada as dissipações da mocidade parisiense (e há muito mais). Um romance aparentado com o conto filosófico, o manifesto político, a epopeia, a poesia (RONAI, 1992. p. 291).
Entendemos melhor sabendo de dois fatos da vida de Balzac contemporâneos à escrita do livro. Sua decepção por ter sido rejeitado pela sra. de Castries. O primeiro relato da desilusão amorosa de Benassis seria um relato desse evento, depois substituído pelo conto austero que foi publicado. E a aproximação de Balzac do partido Legitimista e o projeto de se candidatar a deputado.
Dois outros fatos importantes. Os personagens de O médico rural não aparecem em nenhum outro livro da Comédia Humana. E as passagens sobre as guerras napoleônicas eram fragmentos de um romance não escrito que se chamaria A Batalha.
RONAI, Paulo. Introdução. A Comédia Humana. São Paulo: Globo, 1992, p. 287-291.

Nenhum comentário:
Postar um comentário