Volume V: Estudos de Costumes:Cenas da Vida Provinciana (lido entre 8 de de agosto e 25 de novembro de 2010)
Personagens: Minoret-Levraut (chefe da posta); Zélia ; Desidério; doutor Dionísio Minoret; Úrsula (filha de José Mirouët que era filho de Valentim, pai de Úrsula;falecida esposa do doutor Dionísio); Bougival; padre Chaperon; senhor e senhora Massin; senhor Crémière-Dionis (tabelião de Nemours); Goupil (primeiro amanuense do tabelião Crémière-Dionis); senhor Crémière (exator de Nemours); senhor Jordy; senhor Bougrand (juiz de paz); doutor Bouvard; Saviniano; senhora de Portuenduère.
A história inicia em 1829 e termina em 1841.
Úrsula Mirouët não é Balzac na sua melhor forma. A heroína é, nas palavras de Paulo Rónai, um retrato balzaquiano da virgem francesa: não muito esperta, de uma virtude a qualquer prova e que nasce para vida no momento em que se apaixona.
A história contrapõe a órfã Úrsula, criada pelo doutor Dionísio Minouret, viúvo muito rico, e os herdeiros do doutor, Minouret-Levraut, Crémière-Dionis e Massin, na pequena cidade de Nemours. O doutor Minouret se estabeleceu em Nemours depois de uma promissora carreira em Paris. Lá dedicou-se a criar Úrsula e ao seu pequeno círculo de amigos formado pelo padre Chaperon, senhor Jordy e doutor Bougrand. Os herdeiros aguardavam a morte do doutor e temiam que ele comprometesse sua herança beneficiando Úrsula. Sua apreensão aumentou quando Minouret, ateu convicto, converteu-se ao cristianismo e passou a frequentar a missa na companhia da pupila. Julgavam que tal mudança devia-se à enorme ascensão de Úrsula sobre o doutor. Ignoravam que a conversão devia-se a uma experiência mística. Minouret foi a Paris visitar um antigo colega, Bouvard, e comprovou a eficácia do magnetismo de Mesmer, teoria mística complexa que professava que existe separação entre corpo e espírito.
Nesse meio tempo, Úrsula se apaixonou pelo vizinho Saviniano, personagem mal acabada de Balzac. Ele aparece na história preso por dívidas após uma temporada de desmandos em Paris e transformou-se num sujeito honesto, esforçado e desprendido. Sua mãe, a senhora de Portuenduère, nobre empobrecida, mas muito orgulhosa, jamais concordaria no casamento do filho com uma moça de origem duvidosa. Assim, a saída para Úrsula era a herança do doutor Minouret.
Com a morte do doutor, iniciou-se uma sequência de ação: Minouret-Levraut, o desprezível chefe da posta, descobriu o testamento deixado pelo tio e o destruiu. Não houve testemunhas e Úrsula ficou sem nada. Foi expulsa de casa e teve de contar com a caridade dos poucos amigos. Aí entra o misticismo novamente na história. O falecido doutor apareceu-lhe em sonhos e revelou toda a ação de Minouret-Levraut. Ela contou ao padre Chaperon, que interpelou o criminoso. Simultaneamente, o cínico e pérfido Goupil, corrompido por Minouret-Levraut, começou uma campanha para difamar Úrsula com cartas anônimas para que ela deixasse Nemours. Finalmente, o doutor apareceu a Úrsula e disse que caso Minouret-Levraut não reparasse a injustiça, seu filho único, Desidério, iria perecer. O criminoso tentou se redimir, mas era tarde. Desidério sofreu um acidente numa carruagem e morreu. No final, o mal foi reparado e Úrsula, após receber sua herança, casou-se com o amado. Minouret-Levraut tornou-se piedoso e passou a se dedicar à caridade.
O único ponto interessante a comentar sobre essa história é aparecimento nela do misticismo de Balzac. Nosso autor foi contemporâneo de diversas teorias místicas e era delas adepto. Frequentava cartomantes, participava de sessões de hipnose e cria em transmissão de pensamento. Esses temas aparecerão em outra histórias, mas Úrsula Mirouët, na ordem dada pelo autor da Comédia Humana, marca a sua estreia.
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