segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Contrato de Casamento (setembro-outubro de 1835)

Personagens: Paulo de Manerville, Henrique de Marsay, senhora Evangelista, Natália, senhor Mathias, senhor Solonet, Felix de Vandenesse.

A história se passa entre 1821 e 1827.

O Contrato de Casamento é mais uma história cínica e impiedosa de Balzac. Aqui ele contradiz várias outras obras, apresentando um verdadeiro libelo contra o casamento. Lembremos que Balzac objeta o casamento por amor, defendendo sempre o casamento racional: quando existe estima e um projeto comum de vida entre os cônjuges. Em O Contrato de Casamento ele ataca a instituição em si. Defende a ideia de de Marsay: casar-se sem nenhuma inclinação para obter dinheiro e liberdade.
Paulo de Mannerville, rico herdeiro de Bordéus, resolveu desposar a bela Natália Evangelista (Casa-Real), apesar das objeções de seu amigo bon vivant Henrique de Marsay. Ocorre que a mãe de Natália, a senhora Evangelista ( segundo o cínico de Marsay “comparado à senhora Evangelista, o papá Gobseck é uma flanela, um veludo, um poção calmante, um merengue com baunilha, um tio de fim de romance”), gastara todo o dinheiro do dote da moça e desejava casá-la sem nada. Cada uma das partes contratou então um tabelião para redigir o contrato de casamento. Paulo contratou mestre Mathias, um tabelião experiente de 69 anos; as Evangelista contrataram o jovem Solonet.
Ao final de um cansativo embate, o experiente Mathias conseguiu constituir um morgado a favor de Paulo. Mas nos cinco anos em que ficaram casados, Paulo gastou toda a sua fortuna com o luxo de Natália. Ao final, arruinado, embarcou em um navio para Calcutá para tentar refazer sua fortuna. Julgava a sua esposa virtuosa e por ele apaixonada. Quando já estava a bordo, recebeu carta de de Marsay que revelava que Natália era há muito amante de Félix de Vandenesse.
O subtítulo desse volume 4 da Comédia Humana é “cenas da vida privada”. Temos que ter isso em conta, uma vez que era ambição de Balzac cobrir todos os aspectos da sociedade francesa de seu tempo. A cena aqui é justamente os atos oficiais que antecedem o casamento e seu caráter de primeira batalha em uma guerra: “Esse dia foi para Paulo a primeira escaramuça dessa longa e fatigante guerra denominada casamento. É necessário, portanto, ficar as forças de cada partido, a situação dos corpos beligerantes e o terreno sobre o qual deviam manobrar.” O ponto alto, e Balzac sabia disso, tanto que o escreveu em uma carta à irmã, é o embate entre o velho e o novo notariado da França na época: “Penso ter conseguido fazer o que quis. A cena do contrato, por si só, faz compreender o que será o futuro dos dois esposos. Encontrarás aí uma cena que julgo profundamente cômica, o combate do jovem e do velho notariado. Consegui interessar o leitor pela discussão desse ato, assim como ela se verificou. Eis uma das grandes cenas da vida privada escrita". 

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