quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Baile de Sceaux (dezembro de 1829)

Personagens: conde de Fontaine; filho 1: magistrado; filho 2: tenente-general; filho 3: diretor de uma administração municipal de Paris; filha 1: casou com o recebedor geral, senhor Planat; filha 2: casou com o barão de Villaine; filha 3: Emília; Clara Longueville, Maximiliano Longueville, Augusto Longueville, conde de Kergarouët; pretendentes de Emília: senhor de Beaudenord, senhor de Manerville, senhor de Rastignac, visconde de Portenduere, senhor de Marsay.
A história inicia em 1815 e termina em 1825.
O Baile de Sceaux é uma história curta e, vista superficialmente, ingênua. É a história da jovem orgulhosa que é punida por seu orgulho. Todavia, para o leitor atual, O Baile de Sceaux é uma dessas obras que descreve, de forma detalhada e elucidativa, a fusão entre norbreza e burguesia no período da Restauração.
O Conde de Fontaine, pai da heroína Emília, era um herói da Vendéia que sobreviveu ao Terror e à corte de Napoleão aos nobres. Manteve-se fiel aos Bourbons. Sua devoção, contudo, passa a ruir com a nova ordem que se estabelceu após o Congresso de Viena. Fontaine, que resistira ao casamento com uma rica burguesa, para desposar a empobrecida, mas alta aristocrata senhorita de Kergarouët, percebe que a solução é colocar seus rebentos "como bichos-da-seda sobre as folhas do orçamento". Conseguiu cargos públicos para os filhos e, com respeito às filhas, adaptou-se: "As pessoas sensatas admirar-se-ão do velho vendeano ter dado sua primeira filha a um recebedor geral que, embora possuísse algumas terras senhoriais, não tinha o nome precedido da partícula, à qual o trono devera tantos defensores, e a segunda a um magistrado muito recentemente ´embaronizado` para que pudesse fazer esquecer que o pai vendera lenha".
Ocorre que a caçula, a bela Emília, não aceitava casar-se senão com um nobre de escol, um par de França. Rejeitou diversos bons pretendentes e fez seus pais desisitirem de arrajar seu casamento.
Numa primavera, Emília vai para a casa de verão de sua irmã na pequena cidade de Sceaux, próxima a Paris. Em um baile campestre, ela avista Maximiliano Longueville dançando com sua irmã, Clara, e fica impressionada com o rapaz. Eles se conhecem e inicam um namoro que dura três meses, acompanhado de perto pelo conde de Kergarouët, tio de Emília. Nesse tempo, a moça não consegue descobrir se seu amado é nobre, embora sua educação isso indique. Um dia, resolve procurá-lo num endereço que consta em um cartão que Maximiliano deixou com o conde de Fontaine. Emília encontra Maximiliano atendendo o balcão em uma loja de tecidos. Ela foge horrorizada. Descobre que Maximiliano, filho de Guiraudin de Longerville, renunciou a sua fortuna em favor do irmão mais velho, Augusto. Emília, despeitada e incapaz de se desculpar, casa-se com o velho tio, o conde de Kergarouët. Dois anos depois, infeliz e amargurada, encontra Maximiliano em um baile, que, tendo perdido o pai e o irmão, tornou-se par de França.
Paulo Rónai, na introdução ao Baile de Sceaux, chama a atenção para algo que aparece em outros textos de Balzac: a introdução é muito longa e o desfecho muito rápido, como se o escritor não tivesse paciência para conduzir a história. Ela foi escrita em 1829 e o ápice criativo de Balzac viria quatro ou cinco anos depois.

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