quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma Dupla Família (fevereiro de 1830 - janeiro de 1842)

Personagens: Carolina Crochard (senhorita Bellefeuille), sra. Crochard, Rogério (conde Granville), Carlos e Eugênia (filhos de Caroina e Rogério), Francisca (empregada da sra. Crochard), Angélica Bontemps, padre Fontanon, Horácio Bianchon, condessa da Vandenesse, sua irmã, visconde de Granville e Eugênio (filhos de Rogério e Angélica), Solvet (sedutor de Carolina).

A história se passa entre 1805 e 1833.

A história começa em 1815, quando Rogério, um cavalheiro, ao circular pela Rua do Torniquete de Sâo Joâo no Marais, observava diariamente uma jovem e bela costureira que trabalhava dia e noite ao lado da mãe. Rogério acabou travando conhecimento com Carolina. A narrativa pula para setembro de 1816, quando encontramos Rogério e Carolina morando juntos na Rua Taitbout. Após uma descrição da nova vida da moça, vamos para 1822, quando encontramos o casal, no mesmo endereço, com dois filhos, Carlos e Eugênia, ainda bebê. Carolina recebeu a notícia de que sua mãe, a senhora Crochard, estava doente. Foi vê-la e a velha disse-lhe que tomasse cuidado, pois revelara ao padre Fontanon, que havia sido chamado por sua enfermeira, o nome de seu benfeitor, no caso, Rogério. A história passa então para 1805, quando assistimos ao sr. de Granville fazendo a corte à Angèlica Bontemps, em Bayeux. Aproximou-se da moça, em virtude de sua fortuna, mas gostou dela e se casaram. Angélica era exageradamente devota. Rezava, assistia a diversas missas, fazia novenas. Recusava-se a ter uma vida social, julgando que ir a bailes e jantares era indecente. Era aconselhada pelo Padre Fontanon. Granville, após alumas discussões, resignou-se e o casamento transformou-se numa união de aparências. “A história didática desse lar infeliz não ofereceu, durante os quinze anos decorridos entre 1806 e 1821, nenhuma cena digna de ser referida. A sra. Granville permaneceu exatamente a mesma, a partir do momento em que perdeu o coração do marido, como fora nos tempos em que se dizia feliz “. Em 1822, o padre Fontanon contou à Angélica que Granville vivia com uma concubina e tinha com ela dois filhos. Angélica foi então à rua Taitbout e surpreendeu Eugênio-Granville com Carolina. Ocorreu então uma grande discussão entre Angélica e Rogério.
Passamos enfim para 1833, quando econtramos um Rogério envelhecido indo espiar, na Rua de Gaillon, a janela de Carolina. Lá encontrou Horácio Bianchon, o médico da Comédia Humana. Ele relatou a Bianchon que Carolina, nove anos antes, fora seduzida por Solvet. Havia dissipado sua fortuna e vivia com os filhos na miséria para sustentar o amante.
O interessante nessa história é a narrativa. Duas narrativas independentes convergem para a mesma cena. É claro que sabemos que Rogério é casado (embora de forma inverossímil, Carolina só fique sabendo em 1822) e, no início do segundo relato, já percebemos que Granville é Rogério. Balzac usa aqui, novamente, a descrição para evocar o caráter e o modo de vida das personagens. A probreza de Carolina e da mãe; o conforto burguês de sua nova vida; a austeridade e devoção de Angélica. Descobrimos tudo isso com a descrição dos cômodos e do mobiliário. O desfecho é o ponto fraco da novela. Para evocar o fracasso de Granville na busca da felicidade, Balzac não precisava criar um sedutor para Carolina. A sedução de Carolina e sua decadência dão à obra um acento moralista, que não é característico da maioria dos textos de Balzac. Mas não é a primeira (nem a última) trama bem feita com resolução apressada que vemos na Comédia Humana.

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