sábado, 18 de junho de 2011

O Coronel Chabert (fevereiro/março de 1832)

Personagens: Godeschal, Derville, Coronel Jacinto Chabert, Verginaud, Condessa Rosina Ferraud ("viúva" de Chabert), Conde Ferraud.

A história se passa entre a batalha de Eylau e 1840.

O Coronel Chabert é mais uma história - como Uma estreia na Vida, A Interdição e O Contrato de Casamento - tributária dos anos que Balzac passou como escrevente de cartório. A ideia parece ter vindo da casa de Zulma Carraud. Um amigo do senhor Carraud, antigo oficial de Napoleão, senhor Dupac, foi dado como morto no campo de batalha e teve dificuldades em se identificar ao retornar a Paris.
Aqui Balzac conta a história do coronel Chabert, dado por morto na batalha de Eylau. Sua esposa, Rosina, julgando-se viúva casou com o conde Ferraud, com quem teve dois filhos. Com o retorno de Chabert, e a possibilidade da condessa ter de restituir a ele parte da sua fortuna, ela o repeliu e negou que ele fosse seu primeiro marido. Chabert procurou então o advogado Derville. O advogado inciou o processo, prevenindo Chabert da dificuldade do seu pleito. Com medo da anulação de seu segundo casamento, já que desconfiava que o conde Ferraud estava com intenções de desposar a filha de um par de França, Rosina armou um ardil para que Chabert desistisse do processo. Ao descobrir o embuste, o coronel desistiu de lutar e encerrou-se no asilo de velhice de Bicêtre.
Em O Coronel Chabert, Balzac apresenta o mesmo pessimismo de O Pai Goriot. É um Derville cético que , ao final, compara as atividades do padre, do médico e do advogado: “Sabes meu caro (...) que há na nossa sociedade três homens, o padre, o médico e o legista, que não podem estimar o mundo. Trajam vestes pretas, talvez carreguem o luto de todas as virtudes, de todas as ilusões. O mais infeliz dos três é o advogado. Quando um homem vai em busca do padre, ele o faz impelir pelo arrependimento, pelo remorso ou por crenças que o tornam interessante, que o engrandecem e que consolam a alma do mediador (...): ele purifica, conserta, reconcilia. Mas nós, advogados, vemos os mesmos sentimentos maus se repetirem; nada os corrige; nossos escritórios são esgotos que não se pode limpar. Quanta coisa eu aprendi no exercício da minha função! Vi um pai morrer num celeiro, sem cheta, abandonado pelas duas filhas a quem dera quarenta mil francos de renda! Vi queimarem testamentos; vi mães despojando os filhos, aproveitando-se do amor que lhes inspiravam para deixá-los loucos ou imbecis, a fim de poderem viver em paz com seus amantes. Vi mulheres dando ao filho do primeiro leito hábitos que lhes deviam acarretar a morte, a fim de enriquecerem o filho do amor. Não lhe posso dizer tudo o que vi, porque vi crimes contra os quais a justiça é impotente." Aqui Derville enumerou os enredos de O Pai Goriot, Úrsula Mirouët, Uma estreia na Vida e A mulher de Trinta Anos.

Um comentário:

  1. Existem pelo menos dois filmes baseados nessa história. "Le Colonel Chabert", de 1943, dirigido por René Le Hénaff. Não consegui encontrá-lo. O outro é "Le Colonel Chabert" de 1994 dirigido por Yves Angelo, com Gerard Depardieu e Fanny Ardant. É bastante fiel ao original. Muito interessante é a representação perfeita do escritório de Derville, tal como descrito por Balzac. E a química entre Depardieu e Ardant (a mesma de "A Mulher do Lado") valoriza a ambiguidade de sentimentos dos protagonistas.

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